Entrevista: À Conversa com Sónia Cruz

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sónia Cruz é uma jovem de 31 anos que mora nos Marrazes e tem já uma larga experiência em solidariedade.

Sónia, sei que fazes muito trabalho voluntário, para além disso tens mais alguma profissão?
Tenho um curso de Qualidade Alimentar e actualmente sou analista de águas e alimentos num laboratório, esta é a minha profissão. Para além da minha profissão sou: catequista, escuteira e membro do Grupo Missionário Ondjoyetu da Diocese de Leiria.

O que é para ti a solidariedade?
É ser solidário, é ajudar os outros, preocupar-se com aqueles que mais precisam e agir com acções concretas. É não pensarmos só nos nossos problemas e fazermos alguma coisa pelos outros, respeitando-os sempre.

Quando e como nasceu em ti essa força que te lançou para este serviço em favor dos outros?
Não sei dizer em que momento nasceu, mas sempre senti a vontade de ajudar os outros, principalmente os mais pobres. Sou escuteira desde os 10 anos e em minha casa sempre houve um espírito de ajuda aos mais necessitados, talvez tenha começado por aqui esta vontade de ajudar os outros. Foi crescendo a vontade e o sentimento de querer fazer alguma coisa. Sempre tive uma formação cristã e acredito no Amor de Deus, que nos ama a todos sem excepções. Foi este o sentimento que me fez entrar para o Grupo Missionário em 2003 e partir para Angola em 2006 por um período de 2 anos.

Quais foram para ti as experiências mais marcantes?
Viver dois anos em Angola na Missão do Gungo foi uma experiência de vida que nunca se esquece. Com aquele povo vivi momentos difíceis, mas muito bons também que deixam agora muitas saudades. Ser Dirigente de um grupo de caminheiros e catequista de adolescentes tem sido também um grande desafio.

Como te sentes mesmo sabendo que a maioria dos jovens da tua idade não envereda por esse caminho?
Existem também outros caminhos importantes na nossa sociedade que alguns jovens também seguem. É claro que gostaria que mais jovens sentissem a vontade de ajudar os outros, mas não é necessário ir para fora do país para ajudar os outros, porque aqui onde vivem cada um é importante.

Queres contar um pouco da tua actividade no campo da partilha e em que grupos estás inserida?
Neste momento continuo a trabalhar para o Grupo Missionário, faço parte do secretariado e da equipa de formação. Temos encontros mensais e todas as semanas fazemos artesanato para angariação de fundos. É com o nosso apoio e com o de todas as pessoas que têm ajudado que temos conseguido manter um equipa missionária na Missão do Gungo em Angola e ajudado bastante o povo de lá. O Grupo também tem feito missão no Alentejo. Neste momento sou também chefe de Clã, de jovens dos 18 aos 22 e com eles trabalhamos o progresso de cada um em diferentes áreas (afectiva, intelectual, espiritual, carácter, física e social) mas sobretudo o projecto pessoal de vida de cada um.

Queres deixar alguma mensagem?
Talvez por ser escuteira, esta frase do fundador do escutismo esteja sempre presente e que a digo várias vezes nos grupos… “Deixem este mundo um pouco melhor do que o encontraram”. Que cada jovem, cada pessoa lute pelos seus sonhos, não desistam nunca de serem o que querem, sabendo também aceitar o que a vida lhes dá.

Gostaríamos que nos explicasses o significado da palavra Ondjoyetu e um pouco mais sobre como funciona esse grupo?
A palavra Ondjoyetu quer dizer “A nossa casa” em Humbundo (dialecto mais falado naquela zona). Este grupo missionário já existe desde o ano 2000, iniciado pelo Padre Vítor Mira e desde esta altura tem feito missão nesta comunidade de Angola. Inicialmente o Grupo Missionário fazia missão no período de férias dos estudantes em que muitos dedicaram as suas férias a este povo de Angola. Em 2006 as duas dioceses (Diocese Leiria-Fátima e Diocese do Sumbe-Angola) foram geminadas, assumindo assim a diocese de Leiria a Missão do Gungo (Angola). Desde então tem estado permanentemente um padre português e leigos a trabalhar para o desenvolvimento deste povo.
Em Portugal, o Grupo Missionário desenvolve algumas campanhas de sensibilização nas escolas, catequeses, encontros na diocese e fora, faz também missão numa comunidade mais isolado do Alentejo, reúne-se mensalmente para acompanhar as várias actividades que o grupo desenvolve em Angola e Portugal e onde se tomam também algumas decisões.
Para angariação de fundos o grupo reúne-se semanalmente para fazer algum artesanato que depois é vendido em feiras, encontros, etc. Organiza também um ou dois espectáculos de música na diocese.
Dentro deste Grupo missionário foi criado o Grupo dos Mil & Tal Amigos, são principalmente pessoas fora do grupo que apoiam este projecto em Angola, contribuindo com 1€ por mês. Temos também um Jornal e um blog.
O Grupo é formado por pessoas de várias idades desde os 16 até aos 70 e qualquer pessoa pode fazer parte deste grupo, participando assim nas actividades promovidas.
Neste momento em Angola está o padre David (a trabalhar há quatros anos) e duas leigas: a Inês de 23 anos, fisioterapeuta que partiu por um ano e a Angélica, uma professora primária já reformada que partiu por 6 meses.
Todo o trabalho desenvolvido em Angola não seria possível sem este grupo e o apoio de todas as pessoas de cá.

Sabemos que és escuteira; fala-nos um pouco como funciona e quais os objectivos do escutismo?
O Corpo Nacional de Escutas é uma das maiores associações católicas cuja finalidade é a educação integral de crianças e jovens de ambos os géneros, com base em voluntariado adulto seguindo os princípios e métodos do Fundador de Escutismo – Lord Baden-Powell of Gilwell e vigentes na organização Mundial do Movimento Escutista, e à luz do Evangelho de Jesus Cristo.
Os escutismo ajuda jovens a crescer, a procurarem a sua própria felicidade e a contribuir para a dos outros, ajuda a descobrir os Valores do Homem-Novo.
Em cada escuteiro faz crescer e desenvolver seis áreas: afectivo, social, intelectual, físico, carácter e espiritual.
Os escuteiros estão divididos por secções (idades): dos 6-10 anos são os Lobitos e usam o lenço com cor amarela debruado a branco; dos 10-14 anos são os Exploradores e usam o lenço verde debruado a branco; dos 14 aos 18 anos são os Pioneiros que usam o lenço azul debruado a branco e dos 18 aos 22 anos são os Caminheiros que usam o lenço vermelho debruado a branco.
A partir dos 22/23 anos os que querem e conseguem continuar no movimento começam a fazer parte das equipas de animação para ajudarem as várias secções.
São depois os dirigentes (que usam o lenço todo verde), pessoas adultas e com capacidades para educar crianças e jovens que organização e preparam todo este trabalho de crescimento a crianças e jovens preparando-os sempre para a vida adulta.

Trabalho elaborado por: Edite, Sandra e Maria Jorge

4 comentários:

Isa disse...

Se cada um de nós acender uma luz na vida de alguem, no fim da vida teremos iluminado o mundo inteiro Isa

Isa disse...

Então minha gente a onde estão os vossos comentários, vamos lá até parecem de proficionais bjts Isa

madalena disse...

Maravilhosa esta menima, se cada um de nós olhar-se mais em redor, o mundo de certeza seria bem melhor.Parabéns e beijinhos da Madalena

M.P.O.J. disse...

Obrigada Sónia pelo teu testemunho, o mundo precisa de pessoas como tu.

Maria Jorge

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