Entrevista: Dedicação e amor de uma grande mulher

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O seu nome é Maria Lopes da Graça, tem 89 anos e a sua vida foi sempre de muito trabalho, mas sempre de ajuda aos outros.
Nasceu no lugar da Pipa, freguesia de Vila Cã no Concelho de Pombal, mais tarde mudou-se para a freguesia onde vive até hoje.


Neste momento como ocupa o seu tempo?
Faço a minha alimentação, alguma limpeza da minha casa, cuido da igreja da minha freguesia, continuo a ajudar como sempre fiz as crianças que frequentam a catequese. Só não ajudo quando não posso, pois como se costuma dizer já não tenho vinte anos.

Acha que Portugal é um país solidário? Se sim, porquê?
Mais ou menos, porque as pessoas não têm amor, são egoístas e só pensam nelas. Deveria haver mais caridade, amor e dedicação pelas pessoas mais velhas, porque sofrem de solidão. O país tem esquecido os mais necessitados que são muitos.

Pode dar-me alguns exemplos de situações em que tenha sido solidário.
Toda a minha vida fui solidária, socorri muitas pessoas na hora da morte e até no nascimento. A qualquer hora era chamada para acudir as pessoas da terra. Tomei conta de muitas crianças, de familiares e amigos, sem qualquer recompensa, mas sim por amor e caridade. Até posso contar uma pequena história, o padre da minha paróquia costumava receber pedidos de ajuda de África para apoiar crianças pobres, pediam as pessoas para serem madrinhas das crianças enviando 20 escudos e foi isso que fiz. Enviei 40 escudos para duas crianças e os seus nomes eram João e Maria João.

Qual a sua perspectiva para o futuro?
É viver mais uns anos em paz e amor. Ter saúde para continuar a ajudar as pessoas que precisam, é isso que faço enquanto Deus me der forças.

Sente-se realizada em tudo o que fez na sua vida?
Sinto-me realizada sim, mas gostaria de poder ter feito muito mais.
Gostaria de ter estudado mais, pois só aos 17 anos aprendi as primeiras letras, mesmo assim consegui chegar à 4º classe. Como trabalhava numa escola como contínua, fazia a alimentação das crianças e dos professores, que era constituída por sopa e pão, também havia queijo, leite e óleo de fígado de bacalhau. Vivia um pouco no meio dos livros e das crianças que adorava, fui madrinha de muitas delas que ainda hoje me visitam, pois eu era uma segunda mãe e até muitas vezes a primeira.

O que não fez na vida e gostaria de ter feito se tivesse tempo?
Gostaria de ter tido mais tempo para estudar, ter obtido mais conhecimentos. Na minha experiência de vida participei em muitos eventos, como o rancho folclórico, fazendo todas as suas roupas e acompanhando-os em todas as saídas, cantando, dançando e fazendo a alimentação para todo o grupo e ajudantes. Na minha vida fiz de tudo um pouco, aprendi a costurar sozinha, comprei uma máquina de costura e andei com a máquina à cabeça de terra em terra fazendo trabalhos ao domicílio.

Se existisse mais solidariedade o mundo seria diferente?
Claro que sim, se todos contribuíssemos um pouco. Da minha parte, tudo o que fiz na vida foi sempre em prol da solidariadade, assim como ajudava os outros, recebia sempre o dobro de volta. Consegui fazer a minha casa, trabalhei muito mas também tive muitas ajudas.

Nunca pensou em adoptar uma criança?
Nunca adoptei nenhuma criança embora gostasse, mas como tinha muitos sobrinhos que precisavam muito de mim, optei pelos meus, muitos deles viveram em minha casa por largos períodos de tempo. Além dos meus sobrinhos também cuidei de crianças enquanto os pais estavam no estrangeiro.

Se fosse mais nova gostaria de fazer solidariedade fora do país? Numa missão para ajudar os mais carenciados.
Sim gostaria, se fosse mais nova e houvesse a facilidade que há hoje. Sempre gostei de fazer o bem e de ajudar quem precisa, por isso e só por isso semeei muito e hoje estou a colher a seara.

Trabalho elaborado por: Glória, Rosa e São.

3 comentários:

M.P.O.J. disse...

Gostei especialmente da vitalidade demostrada pela Senhora Maria e a sua expriência de vida em favor da solidariedade.
Obrigada pelo seu testemunho

Isa disse...

E uma riqueza ouvir esta Senhora a falar deviamos seguir o seu exemplo de dar aos outros mais um pouco de nós bem haja

madalena disse...

Adorei esta Senhora é um lindo exemplo, obrigada por toda essa vida dedicada a ajudar o próximo.
Felicidades.

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